Demônios Persas de um livro de Magia e Astrologia (1921)

Estas aquarelas são de um manuscrito encadernado escrito por um rammal, uma espécie de adivinho, em Isfahan, Irã. Segundo Ali Karjoo-Ravary, as pinturas foram incluídas duas décadas após a composição do texto - um tratado sobre feitiços e demônios, “entre outras criaturas, que estão associadas a cada signo do zodíaco”. As imagens, continua Ali, são acompanhadas com prescrições rituais para lidar com as diferentes criaturas. O autor atribui seu conhecimento ao Salomão bíblico, que era conhecido por seu poder sobre demônios e espíritos.

Nem todas as 56 ilustrações pintadas no manuscrito retratam seres demoníacos. Entre os chifrudos e de língua pontuda encontramos também os arcanjos Jibrāʾīl (Gabriel) e Mikāʾīl (Michael), e também animais - leão, cordeiro, caranguejo, peixe, escorpião - associados ao zodíaco. Mas a maioria das figuras mostradas está longe de ser comuns ou angelicais. Nas imagens se vê um ser azul com garras, quatro chifres e uma língua vermelha saliente que só não é tão assustador pelo fato de estar usando uma tanga listrada. Em outra imagem, vemos um homem-cabra bigodudo com nariz de tubérculo e pele de bolinhas preparando um prato nada apetitoso. Um tema recorrente (e preocupante) são os demônios visitando os adormecidos em suas camas, cenas envolvendo atividades nada agradáveis como arrancar dentes, arrancar os olhos e lamber os pés (por um réptil felino com cauda e dentes de tubarão).

Essas imagens inspiram-se nas tradições demonológicas do Próximo-Oriente que remontam a milênios - desde os dias em que os rabinos do Talmude Babilônico afirmavam que era uma bênção que os demônios eram invisíveis, uma vez que, "se os olhos tivessem permissão para ver, nenhuma criatura seria capaz de enfrentar os demônios que nos cercam.